sexta-feira, 15 de junho de 2012

Bruna, Griffin, e eu.





Fazia sol no meu caminho, e a Bruna me trazia água. Eu ligava, ela descia. Era uma jovem Bruna, jovem e boba Bruna. Eu não pensava a respeito de muita coisa naqueles momentos, apenas me refrescava. Deixava o tempo correr um pouco mais solto, como quem abre um pouco mais uma torneira. Bruna falava sobre seu namorado, e sobre coisas leves da vida, e sorria, e se balançava. Eu ria.

Num desses dias passou um carro, dirigido por uma mulher, e parou antes de passar. Era a mãe da Bruna. Eu olhei sem olhar, sorri sem sorrir e acenei sem acenar. Não teve significado nenhum aquele momento. Eu não sabia o que viria, nem a Bruna, nem a mãe da Bruna. Tão pouco sabíamos quando. O curso da vida muda como um tijolo arremessado contra a sua cabeça.

Enquanto eu pensava no Griffin, personagem do “MIB3” que aparentemente enxerga toda a historia nas suas infinitas possibilidades, lembrei desse momento. Não foi a última vez que eu vi a mãe da Bruna. Foi a primeira. Se eu fosse o Griffin, se eu fosse amigo do Griffin, se ele estivesse ali, talvez eu tivesse dado um pouco mais de atenção. Talvez eu pudesse fazer algo diferente.

Estranho um filme tão bobo ter um personagem tão profundo. A última vez que eu vi a mulher que dirigia aquele carro ela arregalava os olhos, e quase dava pra ver seu cérebro lutando para reconstruir cada caminho. As conexões caóticas gerando novos sentidos, buscando novas rotas, contornando o dano.

Talvez eu devesse ser mais presente na vida da moça sorridente que me servia água. Nosso caminho sempre se cruza assim, leve, breve, e carinhosamente sincero. Muita gente considera boba a pessoa que sorri e abraça quando a vida parece correr doce e fácil. Os mais carrancudos podem dizer “é fácil assim quando tudo é fácil”.

Diante de tantas dificuldades, os sorrisos e o abraços de Bruna só se mostraram mais sinceros, com todo peso e toda a dor coexistindo ao redor. Eu quase concordo um pouco com quem afirma que alegria em demasia é fruto de distorção. Mais eu acredito mais no sorriso e no olhar vívido da Bruna do que nas abundantes lagrimas de muitos.  

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