Cara,
eu não costumo gostar muito de falar sobre dor. Mas outro dia uma
garota me olhou e disse: "Você parece muito machucado."
revisitando esse blog entregue as traças, com o perdão das traças,
reouvindo uma música que postei aqui... Acho que é um fato, eu
realmente sofri bastante. Acontece que todo mundo sofre e não
acredito que devemos acariciar nossas dores. Por isso esse post não
é sobre dor. É, sim, sobre o apesar das dores. Como não podemos
falar sobre o apesar das dores sem falar das dores, de repente eu
fale um pouquinho sobre dor, sobre perda, sobre sofrimento.
Não
quero contar cicatrizes, não se trata disso, perto de algumas
pessoas bem próximas a minha vida foi até bem tranquila, eu nunca
passei fome, nunca fiquei sem ter onde morar. Pessoas vieram, outras
se foram pra sempre, gente deixou de existir depois de muito lutar,
as estruturas sempre se modificaram, as coisas mudaram de lugar, mas
e aí, posso reclamar? Não. Eu reclamo, as vezes, como um garoto
mimado que não deixei de ser, mas, poder mesmo... no sentindo de ter
o direito de reclamar, não acredito que eu tenha esse direito. Por
isso evito reclames.
Essa
gente que reclama muito estima demais a felicidade e demoniza
demasiadamente a tristeza. Não apenas estimam demais a felicidade,
como projetam uma felicidade que não existe, a buscam, obviamente
não encontram, e se entregam a uma suposta tristeza irremediável, a
qual cultuam como fervorosos fiéis de uma religião maluca. Sério,
você acredita mesmo que a vida se resume a fugir da tristeza e
correr atrás da felicidade? Acho que não.
Sei
que algumas pessoas amargam dores profundas das quais gostariam muito
de se livrar, mas não são capazes, sei que isso é real e sério,
mas o que eu mais vejo é gente se doendo de barriga cheia! E sabe
como eu chamo isso? Comodismo. Bancar o coitado sofrido te livra de
encarar seus problemas com a postura de agente de mudança, saca?
Bem, também não é sobre isso que eu vim falar.
Eu
sofri sim, essas coisas imponderáveis da vida já me deram tijoladas
na cabeça, e também já colhi alguns amargos frutinhos da minha
própria indisciplina. Nada saboroso, acredite. Mas putz(!), não dá
pra comparar aos bons sabores... e olha, que eu nem sou um cara
viajado, apenas olho em volta. fiquei pensando sobre o que a garota
falou... Machucado, eu? Tô não. Tô sussa...
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